[...Os alunos daqui acabam por viver um pouco à margem do local onde vivem e a maior parte deles ou nasceram cá, filhos de pais Portugueses, ou vieram para cá ainda muito jovens, o que quase me faz lembrar os africanos que depois do 25 de Abril nasceram em Portugal e de quem se diz parecerem não pertencer a lado nenhum. Os pais uma vez que queriam protegê-los não lhes ensinaram dialecto nem cultivaram o orgulho de ser diferente, parecendo fugir às origens. Assim grande parte desses jovens sentem-se um pouco perdidos uma vez que sabem que não são dali - as raízes ainda assim são difíceis de eliminar, ou esconder -mas também não conhecem de onde vieram.Exactamente como o que aqui se passa com estes jovens que embora com uma situação socioeconómica diferente falam às vezes desta terra como se não fosse a sua e no entanto não conheceram outra - alguns já foram obviamente a Portugal mas poucas vezes para se sentirem de lá e sentirem também como seus o local de onde vieram os pais, embora com certeza que não deixaram de falar o Português para falarem as diferentes línguas locais...não tiveram essa necessidade.Para além de estes alunos, uma percentagem grande são filhos de Indianos, outros de pais Moçambicanos....]
Extracto de uma carta de uma Professora de uma Escola de Maputo
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