A diversidade cultural de um “pequeno país gigantesco”, a Guiné-Bissau, mínimo na geografia mas com 23 etnias e 9 idiomas, concentra-se todos os anos em meados de Fevereiro na capital, Bissau, numa enorme e inebriante manifestação de alegria popular. Trata-se do Carnaval, tradição originalmente europeia, mas que nesta nação africana assume matizes de identidade social e artística ímpares.
Até à Independência o Carnaval era europeizado. Hoje é uma multiplicidade de palcos a “explodir” em manifestações etnográficas de raiz local, em que a tradição festiva guineense extravasa completamente pelos bairros e ruas da capital. O esquema base [...] não deixa de encontrar paralelos com os carnavais de carácter europeu ou brasileiro, com um grande desfile principal na avenida central de Bissau, dedicado este ano ao tema da Reconciliação Nacional, e inúmeros pequenos desfiles paralelos. Contudo [...] «é uma desbunda completa, mas organizada», onde há «uma grande etnização do carnaval». Formalmente, os desfiles associam-se a bairros, «mas não há dúvida nenhuma que nos grupos que aparecem sentes que uns são mais Balantas, mais Papeis, mais Bijagós, Ndingas, etc., começam a assumir-se como tal». E, como tal, cada bairro acaba por representar uma das muitas etnias guineenses.
«Nesta perspectiva o festival é um pouco o desfile de vários grupos étnicos, é um festival de tradições, onde as máscaras ganham grande importância, e quase todas correspondem à simbologia étnica de cada grupo» [...] «cada grupo concorre com uma rainha, máscaras e danças, mas ao mesmo tempo em que este desfile principal vai subindo até à tribuna principal, em frente ao palácio presidencial, tens constantemente, em paralelo, desfiles espontâneos, para baixo, para cima, para o lado, uma confusão completa. [...]
Retirado de
http://www.cenalusofona.pt/cenaberta_old/carnaval.htm