domingo, 12 de junho de 2011

O Galo de Barcelos_Lenda Lusitana

O Galo de Barcelos
Há muitos anos, em tempos remotos, aconteceu em Portugal um crime de morte, que, por mais minuciosas investigações feitas, jamais se descobriu o assassino.
Tempos depois, quando tudo parecia já estar esquecido, surgiu na povoação de Barcelos um galego peregrino, que se dirigia para Santiago da Compostela. Diante da figura do romeiro, alguém levantou perante as autoridades uma questão, aquele homem era o autor do crime há tempos ali acontecido. Diante da acusação, houve quem garantisse que o romeiro estivera no local do crime no dia do assassínio. De frente com as evidências, as autoridades deram o caso como solucionado, aprisionado o romeiro.
Mesmo diante de grande tortura e suplício, o galego afirmou-se sempre inocente. Mas todas as evidências e coincidências apontavam o homem como o verdadeiro assassino. Sem provas que lhe garantissem a inocência, foi julgado e condenado à morte, através da forca.
Finalmente chegara o dia do suplício do pobre homem, que jamais deixou de jurar estar alheio e inocente ao crime. Tudo em vão! No meio do povoado erguera-se a forca. Como último desejo, o infeliz pediu que fosse levado à presença do juiz. O malogrado romeiro foi encontrar o juiz em uma grande ceia, ladeado de vários amigos e admiradores. Diante do juiz e de todos os presentes, o galego voltou a afirmar a sua inocência, pedindo pela fé cristã que dele tivessem misericórdia e que o não enforcassem. Mas o magistrado, homem que aprendera as leis em Salamanca, apesar de ficar confuso diante da veemência com que o infeliz proclamava-se inocente, nada pôde fazer, pois já acontecera o julgamento e a condenação à morte, portanto era preciso que se cumprisse a sentença.
Vendo que todos faziam escárnio das suas palavras, e continuavam a comer e a beber; o pobre galego, a olhar para um frango assado em cima da mesa do magistrado e dos seus amigos; clamou para São Tiago, o santo que iria visitar quando fora interrompido em sua romaria:
-Oh São Tiago, sabeis que estou tão inocente que, antes de morrer, esse galo que está em cima da mesa, morto e assado, cantará!
Todos riram das palavras de clamor do galego. O magistrado ordenou que o condenado fosse levado à forca e que se cumprisse à sentença. Assim foi feito. Passado o mal estar, todos continuaram a comer e a beber normalmente. Por uma estranha superstição, ninguém ousou a tocar no galo assado que indicara o sentenciado. Todos estavam ansiosos para que se desfechasse o suplício do galego, cumprindo-se finalmente, a justiça.
De repente, diante do espanto geral de todos os presentes, o galo assado passou a ter penas, transformando-se em uma bela ave, tão viva quanto eles, que passou a cantar alegremente!
O espanto foi geral. O juiz e os seus convidados correram ao local que se erguera a forca. Encontraram o galego suspenso no ar, com a corda no pescoço solta. Com grande espanto, descobriram que ele ainda estava vivo! Imediatamente libertaram o supliciado, deixando que ele seguisse viagem até Santiago da Compostela, para que cumprisse a sua promessa de romeiro.
Meses depois, o galego regressou da sua romaria, já com a promessa cumprida. Em sinal de agradecimento aos que atestaram a sua inocência, mandou que se erguesse um padrão, tendo de um dos lados São Paulo e a virgem, o sol, a lua e um dragão. Do outro lado o Cristo crucificado, um galo e São Tiago sustentando um enforcado!



A justiça fora feita através do canto do galo ressuscitado, que se tornaria o símbolo de Barcelos.







Fonte: http://virtualia.blogs.sapo.pt/35143.html

Sem comentários:

Enviar um comentário