domingo, 8 de novembro de 2009

O Dia dos Fiéis Defuntos na Guiné-Bissau

Um dos objectivos do Projecto “Nós com África” é a partilha de costumes e tradições.
Indo de encontro a este objectivo e, tendo em conta que se celebrou o Dia das Bruxas (Halloween) e o Dia de Todos os Santos há apenas uma semana, considerámos pertinente falar-vos das tradições existentes na Guiné relativamente a esta data.

Assim sendo, na Guiné-Bissau, embora não havendo a celebração do Halloween, é costume os mais novos saírem à rua na primeira semana de Novembro, cantando músicas e pedindo dinheiro.

Para além disso, no dia 2 de Novembro celebra-se o feriado dos fiéis defuntos, dia em que as famílias se deslocam aos cemitérios para colocar coroas de flores de papel nas campas.
fotos gentilmente cedidas por autora do blog Afric-Ana

Mas como encaram os guineenses a morte?

Os guineenses têm um culto particular pelos seus mortos: no caso de ocorrer um falecimento, estendem-se esteiras numa sala ou num quarto durante uma semana, período em que a família enlutada recebe visitas que vão apresentar pêsames. As visitas sentam-se ao pé dos familiares, consolando-as e partilhando sinceramente a sua dor. A este costume dá-se o nome de tchur (choro).

No oitavo dia há a missa pela alma dos defuntos, seguida de uma lauta refeição. Levantam-se depois as esteiras, que se arrumam num canto da casa.

Decorrido algum tempo (pode ir de uma semana a um, dois ou mais anos, conforme os meios financeiros), a família do falecido estende de novo as esteiras na kasa garandi (casa principal) e organizam-se as cerimónias tradicionais que consistem no toca tchur (toca-choro).
É com o ressoar dos tantãs (instrumentos de percursão) que se inauguram essas cerimónias, que duram três dias, durante as quais se abatem vacas, porcos, galinhas, etc. e onde a bebida também não falta.

Quadro representando danças de toca tchur (retirado daqui)

No fim do terceiro dia, regressa-se à casa principal para ficar até ao oitavo dia. Findo este tempo, levantam-se as esteiras e cada um retoma o caminho de sua casa.

Estas cerimónias são escrupulosamente respeitadas pois mantém-se a crença de que aquele que não realizar o toca tchur de um ente falecido pode estar sujeito às maiores desgraças físicas ou morais.

Muitas vezes, aquando de um aperitivo entre amigos, deitam-se num canto da sala ou à entrada da casa algumas das gotas da bebida para os que já não estão neste mundo, para que participem na reunião. É uma convicção bem vincada em todos os guineenses: os mortos continuam a tomar parte incontestável na vida dos familiares, sobretudo nos momentos de alegria!

(informações retiradas do livro O crioulo da Guiné-Bissau – Filosofia e Sabedoria, de Benjamim Pinto Bull)

5 comentários:

  1. Interessante esta informação.
    Deste modo, vai ser possível levarem sempre um pouco de NÓS e deixarem sempre um pouco de vós. Obrigada colegas.

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  2. ALGUEM me falou deste Blog. Vim ver e gostei. Boa sorte para a sua continuação e objectivos.

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  3. eu também acho interessante

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  4. acho interesante porque assim nos sabemos as tradicoes deles em africa.e eles sabem as tradicoes que se fazem aqui

    filipe lucas nº10 7ºC

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  5. eu adorei
    acho muito interessante as suas tradiçoes

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