quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Acção de Sensibilização _Angola

A Inês Pereira, natural de Leiria, licenciada, Voluntária do Grupo Missionário ONDJOYETU, no Gungo, povoação situada próXima da cidade do Sumbe, em Angola, veio à Escola José Saraiva dar a conhecer o seu trabalho, na referida Missão.


Nesta Acção, a Inês deu a conhecer o seu trabalho no Gungo, falou da experiência, no local, diferente e muito enriquecedora quer do ponto de vista humano quer do ponto de vista cultural .

Informou-nos àcerca de hábitos e tradições diferentes, da forma como as crianças, sem os bens essenciais e sem quaisquer cuidados de saúde, vivem felizes e improvisam os seus próprios brinquedos: de um tronco de uma árvore, fazem um baloiço, de uma pequena elevação um escorrega, são muito criativos e alegres.



Muitas estórias poderiam ser contadas e algumas curiosidades satisfeitas, mas um dos aspectos que a Inês mais referiu foi o gosto e o esforço que os meninos do Gungo fazem para irem à escola. É um dos seus maiores desejos, mesmo que tenham que percorrer muitos Kilómetros por dia! Como sabemos não há estradas nem transportes públicos, e aquilo a que chamam os melhores caminhos pode demorar muitas horas a fazer por causa das chuvas fortes que causam muitos buracos e elevações díficeis de transpor num veículo de quatro rodas.


Ainda assim as crianças gostam mesmo de ir à Escola porque isso significa aprender.
Os professores deles muitas vezes têm uma baixa escolaridade e sem materiais quer do professor quer dos alunos, a educação/formação torna-se uma tarefa complicada mas muito importante pois é a única fonte de informação que têm. Não há energia e por isso a rádio, televivão e todas as novas tecnologias deixam de ter espaço naquela povoação.

Um aspecto que surpreendeu foi o tipo de dieta daquelas crianças. Como não há onde conservar os alimentos, a alimentação baseia-se naquilo que a Natureza oferece em cada época do ano. Têm frutos muito saborosos, tais como manga e banana mas faltam legumes e proteínas. Estas vêm da galinha, do macaco preto ( nem todas as espécies são comestíveis) e também de uma espécie de "rato" do campo, diferente daquilo a que nós chamamos rato:) Estranho? Para nós é certamente, mas há outras coisas que consideramos muito engraçadas e que aquelas crianças não acham mesmo nada, como por exemplo os macacos. Como sabemos estes animais "imitam" os humanos e então tornam-se mesmo indesejados quando se pretende trabalhar no campo. A tarefa da maior parte das crianças, no trabalho do campo, consiste em afastar esses "engraçados" macacos de modo a não destruirem as culturas...




A Inês, depois de apresentar um filme sobre a povoação e arredores, dar a conhecer o modo de vida daquelas pessoas, abriu um espaço para os alunos colocarem questões e fazerem as perguntas que quisessem. Desta troca de impressões e esclarecimentos ficámos também a saber que para além da malária muitas doenças devem-se à má nutrição e ao consumo de água não potável.

Muito mais haveria para contar, mas o que mais impressionou foi a alegria e a felicidade estampada no rosto daquelas crianças a quem tudo falta, excepto o desejo de viver e aprender.

As dinamizadoras do projecto agradecem a amabilidade e simpatia da Inês, que para além de informar e esclarecer transmitiu a mensagem de que para ser feliz não é preciso ter tudo e que as dificuldades podem ser ultrapassadas se cada um de "Nós" fizer um pouco por isso.




Está dentro de cada um a vontade de o querer fazer!

Participaram nesta Acção as turmas: 5ºB; 5ºC; 7ºA e 7ºE.



Turma 5ºB


Turma 5ºC



Turma 7º A

Turma 7ºE


A nossa amiga vai novamente, para o Gungo, pelo período de mais um ano. Desejamos-lhe as maiores felicidades e enviamos a todos os meninos um grande abraço, de Leiria.

Obrigada Inês!!!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Envio de Manuais Escolares _ Angola

Hoje, a Coordenadora da Associação de Professores Voluntários, Drª Carolina Mendes, deslocou-se à Escola José Saraiva, para recolher os 1200 manuais escolares, incluindo gramáticas e livros de exercícios, com destino a Angola.
Esta Associação escolariza cerca de 24 000 alunos não abrangidos pelo ensino oficial, em Angola, numa zona próxima de Luanda.
As carências de livros e manuais escolares são muitas, pelo que o projecto entendeu colaborar com esta Associação de forma a contribuir para a escolarização daquelas crianças bem como promover a Língua Portuguesa, um dos objectivos que o "Nós com África" sempre procurou atingir.

Alunos, professores, auxiliares educativos, amigos do projecto, todos se uniram em torno desta causa conseguindo assim, num curto período de tempo, angariar tantos manuais.

Para além da turma do 9ºA, que sempre participou nesta "campanha solidária", colaboraram na selecção, inventariação e embalagem dos manuais as alunas: Sara, Liliana e Laura, do 7ºA.
De salientar o envolvimento e empenho dos alunos nesta actividade realizada sempre em horário não-lectivo:)

A Todos quantos contribuiram, Muito Obrigada!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ofertas aos Meninos de XAI-XAI

A Comunidade educativa e em particular os alunos que dinamizam o projecto estão cada vez mais entusiasmados e envolvidos nas campanhas de recolha de materiais a enviar aos meninos de Xai-Xai.

Conforme já foi referido em post anterior, estas crianças são apoiadas pela ONGD_ Um Pequeno Gesto, com a qual colaboramos. Estes materiais são gentilmente enviados para Moçambique através da Associação "Voluntários com Asas", um grupo de hospedeiras e comissários de bordo, da TAP, que transportam na própria bagagem estas ofertas tão necessárias aos meninos que nada têm.

Desta vez, conseguimos reunir brinquedos, mais bonés e t-shirt's.

O material escolar: cadernos novos, lápis de cor, esferográficas, bolsas e livros de colorir foram angariados pela turma do 5ºC.



Mas, porque os meninos, para além de roupa também precisam de calçado, pedimos colaboração à Sapataria Manuel Maria, a qual nos surpreendeu com um generoso donativo de 45 pares, novos, de sapatos, essencialmente de criança e jovens, conforme podem ver nalgumas fotos que aqui vos deixamos.



Esperamos assim estar a contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos meninos de Xai-Xai.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Tempo para Viver

"TEMPO PARA VIVER"


Passamos por vários momentos
Os mais difíceis, os mais fáceis, os mais perigosos e os mais mansos
Todos são momentos importantes
Pois fazem parte do tempo
Do tempo que temos para viver
Crescemos como uma árvore
Estendendo os braços longos, como se fossem ramos erguidos
Os pés bem colados na terra
Firmes em suas marcas e caminhos
Raízes longas e profundas de homens fortes e determinados
Corremos como um rio
Pois em nossas mãos estão nossos ideais
Com olhos fixos em água de espuma
Vontade forte e única
Momento de sermos uns pelos outros
Lutando constantemente... sem desistir
Conquistando migalhas duras
Este é o momento em que podemos ter um tempo novo
É tu és a esperança que nasce na madrugada
Que cresce nas tardes de Setembro
E aquece o coração da vida
E assim
A luz perfeita e mais dourada
Como a fonte que sempre me lembro

por Maran Banora

(Do livro "Histórias das Tabancas, Histórias criadas e contadas pelas mulheres da Guiné-Bissau, Aryran)

Fonte: "Espalhar a Arte"

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Festa de Natal com as crianças da Escolinha do André e os Meninos de Xaixai

Através da divulgação do album de fotos pretende-se dar a conhecer o trabalho dos Voluntários UPG e dos Parceiros locais, em Moçambique, com os quais colaboramos através da ONGD_ Um Pequeno Gesto, em Xai-Xai.

Festa de Natal, na Escolinha do André:




(clique na imagem para visualizar o album)


Fotos: Um Pequeno Gesto

Festa de Natal em S. Vicente de Paulo

Divulgamos ,hoje, as fotos da Festa de NATAL, no Orfanato de São Vicente de Paulo, um dos projectos apoiados pela ONGD_Um Pequeno Gesto, na zona de XAI-XAI, em Moçambique.
Nesta festa não faltou música, danças, muita alegria, presentes e um lanche melhorado:)


(clique na imagem para visualizar o album de fotografias)
Fotos: Um Pequeno Gesto

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

DIVULGAR A PINTURA DE MALANGATANA

Foi pastor de gado, aprendiz de nyamussoro (médico tradicional), criado de meninos, apanhador de bolas e criado no clube da elite colonial de Lourenço Marques. Tornou-se artista profissional em 1960, graças ao apoio do arquitecto português Miranda Guedes (Pancho) que lhe cedeu a garagem para atelier.


Foi um dos percursores do Movimento para a Paz e pertence à Direcção da Liga de Escuteiros de Moçambique. É um dos criadores de Museu Nacional de Arte e procurou manter e dinamizar o Núcleo de Arte (associação que agrupa os artistas plásticos).
Muito ligado à criança, tem também colaborado intensamente com a UNICEF. Impulsionador, no passado, de um projecto cultural para a sua terra natal -Matalana, Marracuene -, retoma-o logo que a guerra termina, criando-se assim a Associação do Centro Cultural de Matalana - projecto de desenvolvimento integrado das populações -, de cujo grupo fundador Malangatana fez parte, tendo sido presidente da Direcção.



Desde 1959 participou em exposições colectivas em várias partes do mundo para além de Moçambique nomeadamente África do Sul, Angola, Brasil, Bulgária, Checoslováquia, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, índia, Islândia, Nigéria, Noruega, Paquistão, Portugal, RDA, Rodésia, Suécia, URSS e Zimbabwe. A partir de 1961 realizou inúmeras exposições individuais em Moçambique e ainda na Alemanha, Áustria, Bulgária, Chile, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Índia, Macau, Portugal e Turquia. Tem murais pintados ou gravados em cimento em vários pontos de Maputo e na Beira, na África do Sul, no Chile, na Colômbia, nos Estados Unidos da América, na Grã-Bretanha e na Suécia.

A sua obra, para além dos murais e das duas esculturas em ferro instaladas ao ar livre é composta por Pintura, Desenho, Aguarela, Gravura, Cerâmica, Tapeçaria, Escultura e encontra-se (exceptuando a vastíssima colecção do próprio artista) em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas espalhadas pelos quatro cantos do Mundo. Malangatana inaugurou recentemente em Évora, no Palácio D. Manuel, a exposição retrospectiva dos 50 anos da sua obra, que, segundo o responsável, revela a sua "dimensão estético-artística e o compromisso que assumiu com os valores do humanismo".
Para Malangatana, a exposição foi "uma forma de agradecimento à Universidade de Évora pela entrega do doutoramento honoris causa, e eu senti que devia mostrar parte do meu trabalho".

por OlindaGil

Morreu Malangatana

O pintor moçambicano Malangatana morreu aos 74 anos às 03:30 no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, vítima de doença prolongada, segundo a direcção do hospital.


O pintor, de 74 anos, encontrava-se internado há vários dias naquele estabelecimento.

Malangatana vendeu os primeiros quadros há 50 anos e com o dinheiro arranjou uma casa e foi buscar a família para Maputo. Meio século depois, morreu um homem do mundo, um amigo de Portugal e um dos moçambicanos mais famosos.

Malangatana Valente Ngwenya nasceu a 6 de Junho de 1936 em Matalana, uma povoação do distrito de Marracuene, às portas da então Lourenço Marques, hoje Maputo. Foi pastor, aprendiz de curandeiro (tinha uma tia curandeira) e mainato (empregado doméstico).

A mãe bordava cabaças e afiava os dentes das jovens locais (uma moda da altura), o pai era mineiro na África do Sul. Com a mãe doente e um pai ausente, Malangatana foi viver com o tio paterno e estudou até à terceira classe. Só. Aos 11 anos começou a trabalhar porque já era «adulto» e podia fazer tudo, de cuidador de meninos a apanha-bolas no clube de ténis.

Nos últimos 50 anos foi também muito mais do que pintor. Fez cerâmica, tapeçaria, gravura e escultura. Fez experiências com areia, conchas, pedras e raízes. Foi poeta, actor, dançarino, músico, dinamizador cultural, organizador de festivais, filantropo e até deputado, da FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência.
Ainda que o seu lado político seja o menos conhecido, Malangatana chegou a estar preso, pela PIDE, acusado de pertencer ao então movimento de libertação FRELIMO, sendo libertado ao fim de 18 meses, por não se provar qualquer vínculo à resistência colonial.

Na verdade Malangatana viveu parte da sua adolescência junto dos colonos portugueses, os mesmos que o iniciaram na pintura, primeiro o artista plástico e biólogo Augusto Cabral (morreu em 2006) e depois o arquitecto Pancho Guedes.
Augusto Cabral era sócio do Clube de Ténis, onde trabalhava um tio do pintor. «Um apanha-bolas nas partidas de ténis era um tal Malangatana Ngwenya (crocodilo), que, no fim de uma tarde de desporto, se acercou de mim para me pedir se, por acaso, eu não teria em casa um par de sapatilhas velhas que lhe desse», contou Augusto Cabral em 1999.
O pintor iria nascer nessa noite, quando Malangatana foi a casa de Augusto Cabral e o viu a pintar um painel. «Ensine-me a pintar», pediu. E Augusto Cabral deu-lhe tintas, pincéis e placas de contraplacado. «Agora pinta», disse ao jovem, ao que este perguntou: «pinto o quê?». «O que está dentro da tua cabeça», respondeu Augusto Cabral.
O jovem viria a ter também o apoio de outro português, o arquitecto Pancho Guedes, que lhe disponibilizou um espaço na garagem de sua casa de Maputo e lhe comprava dois quadros por mês, a preços inflacionados. Em poucos meses Malangatana quis fazer uma exposição e foi, para espanto confesso de Augusto Cabral, um enorme sucesso.

Nas pinturas, nessa altura e sempre, Matalana, onde nasceu e cresceu e onde frequentou a escola da missão suíça de até à segunda classe. Menino pastor, agricultor, caçador de ratos com azagaia, viria a estudar só mais um ano. Fica-lhe Matalana no pincel, a opressão colonial, a guerra civil. A paz reflecte-se numa pintura mais optimista e nos últimos anos foi um carácter mais sensual que a caracterizou.
E sempre o quotidiano. «Há sempre um manancial de temas a abordar. São os acontecimentos do mundo, às vezes tristes, outras alegres, e eu não fico indiferente. Seja em Moçambique, ou noutra parte do mundo, a dor humana é a mesma», disse numa entrevista à Lusa, ainda recentemente.

Já homem, com a pintura como profissão, confessou ao jornalista Machado da Graça que sentia grande aproximação com os artistas portugueses desde os anos 70, quando foi pela primeira a Portugal, como bolseiro da Gulbenkian.

Entre 1990 a 1994 foi deputado da FRELIMO e ao longo de décadas ligado a causas sociais e culturais. Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte de Moçambique, dinamizador do Núcleo de Arte, colaborador da UNICEF e arquitecto de um sonho antigo, que levou para a frente, a criação de um Centro Cultural na 'sua' Matalana.
E exposições, muitas, em Moçambique e em Portugal mas também mundo fora, na Alemanha, Áustria e Bulgária, Chile, Brasil, Angola e Cuba, Estados Unidos, Índia. Tem murais em Maputo e na Beira, na África do Sul e na Suazilândia, mas também em países como a Suécia ou a Colômbia.
Contando com as obras em museus e galerias públicas e em colecções privadas, Malangatana vai continuar presente praticamente em todo o mundo, parte do qual conheceu como membro de júri de bienais, inaugurando exposições, fazendo palestras, até recebendo o doutoramento honoris causa, como aconteceu recentemente em Évora, Portugal.

Foi nomeado Artista pela Paz (UNESCO), recebeu o prémio Príncipe Claus, e de Portugal levou também a medalha da Ordem do Infante D.Henrique. Em Portugal morreria também o pastor, mainato e pintor. Malangatana. Valente.

Lusa / SOL