terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Soneto de Carnaval



Soneto de Carnaval
Distante o meu amor, se me afigura

O amor como um patético tormento

Pensar nele é morrer de desventura

Não pensar é matar meu pensamento.


Seu mais doce desejo se amargura

Todo o instante perdido é um sofrimento

Cada beijo lembrado é uma tortura

Um ciúme do próprio ciumento.


E vivemos partindo, ela de mim

E eu dela, enquanto breves vão-se os anos

Para a grande partida que há no fim

De toda a vida e todo o amor humanos: Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo

Que se um fica o outro parte a redimi-lo.


Vinicius de Moraes, in 'Antologia Poética'

Sem comentários:

Enviar um comentário